
No entanto, e dado o momento menos bom, que a nossa selecção atravessa, é impossivel passar ao lado do fabuloso artigo que João Marcelino escreveu no Diário de Noticias, cujo titulo "Um Descalabro Chamado Queiroz", integra a melhor qualificação para o selecionador do "nosso" povo!
"A propósito do descalabro da Selecção Nacional de futebol, que está já seriamente em risco de falhar o apuramento para o Mundial, pode e deve dizer-se algumas coisas concretas. Por exemplo estas 11 (e poderiam ser muitas mais):
1. Queiroz regressou à selecção com o mesmo espírito que leva o emigrante a colocar o rádio do descapotável aos berros antes de entrar na principal rua da aldeia onde irá construir uma casa bonita com fachada de azulejo. Em consequência fez experiências voluntaristas mas sem sentido. Depois de tentar inventar o defesa-esquerdo que na verdade faria falta, deixou cair Antunes desamparado. Depois de promover Carlos Martins, sentou-o no banco. Depois de ter a prova de que Nuno Gomes é, infelizmente, o melhor avançado da selecção, continuou a apostar no físico de Hugo Almeida.
2. Ao contrário do que pretende uma mentira tantas vezes repetida, o jogo com a Dinamarca foi mau. Portugal sofreu três golos, perdeu, e poderia, até, ter sofrido outros dois golos logo nos primeiros momentos do jogo. Ou seja, começou mal e terminou pior.
3. Contra a Suécia, apertado pelos resultados, o mesmo treinador, que se vangloriara pelos nove golos marcados às Ilhas Faroé e Malta, disse que aquele era "o jogo", mas a equipa disponibilizou-se para o empate e mostrou-se feliz por o ter alcançado.
4. É inadmissível que com a Albânia, ao intervalo, com um resultado que não servia e a jogar contra dez, Queiroz fizesse voltar a mesma equipa. Ofereceu ainda mais dez minutos ao adversário antes de fazer o seu trabalho.
5. Não se percebe que na preparação do jogo tenha alertado para o facto da Albânia poder atirar alguma equipa para fora do Mundial e depois, na conferência de imprensa, já tivesse sido capaz de assumir, com atraso, que este era um jogo de ganhar. Ou seja, não foi capaz de colocar essa pressão nos jogadores antes, e só depois disse - obviamente por dizer e para ganhar espaço para os cinco meses de férias que se seguem até Março - que a selecção se vai apurar ganhando onde tiver de ser. Conversa fiada. Neste momento poucos são os portugueses apreciadores de futebol que acreditam nisso.
6. Queiroz disse três vezes na mesma conferência de imprensa, em Braga, que não sabe o que mais pode ou deve fazer para ganhar um jogo de futebol! Não foi deslize. Tenho a certeza absoluta que ele estava a falar verdade.
7. É normal um treinador perder- -se nos elevadores do estádio (!!!) e (mandar) justificar assim a sua falta ao compromisso contratualmente assumido de falar à televisão (TVI) que tem os direitos do jogo?
8. Cristiano Ronaldo, que se atreveu a avisar o treinador através da imprensa que não gosta de jogar a ponta-de-lança, também pode protestar com o público dando provas da mesma imaturidade de Miguel Veloso no Sporting?
9. Prova-se que é uma absoluta estupidez esperar de um seleccionador a disponibilidade para "reorganizar" o futebol jovem. Um seleccionador não é um director técnico. Como o velho Aragonés provou, desse homem só se espera uma visão, uma estratégia e resultados concretos da missão.
10. Pergunto de novo: quanto vai pagar a FPF de indemnização a Queiroz se tiver de rescindir o contrato de quatro anos? Scolari, recorde-se, para comparar, nunca teve direito a mais de dois... Madaíl está enganado se pensa que poderá resistir à pressão da opinião pública depois de um eventual fracasso nesta campanha para o Mundial. Quanto muito, promoverá mais um excêntrico, como o euromilhões, porque esperar que Queiroz vá embora agora, e pelo próprio pé, promovendo uma mudança que seria boa para a selecção, é esperar de mais para quem o conhece.
11.O pior de tudo é o seguinte: em três meses apenas, Queiroz cortou a relação da equipa nacional com o seu público. Como se vai reconstruir agora essa ligação?"
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